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A competitividade e a questão ambiental

Foto do escritor: Sergio SaraivaSergio Saraiva

Atualizado: 29 de fev. de 2024

Quem pagará a conta daquilo com que concordamos?


‌Embora pouco repercutida aqui no Brasil, a manchete do El País da Espanha de dias atrás trazia informações sobre um grande movimento social que ocorria em toda a Europa: “A Ira do campo”; a mobilização de agricultores que bloqueavam estradas em vários países europeus em busca de atenção às suas reivindicações.


O jornal trazia número interessantes: o setor primário da Europa representa 1,9% do PIB europeu, 2% da população e 5% do emprego total. Posto em números, parece pouco relevante.


A guisa de comparação, o agronegócio representou 24,1% do PIB brasileiro em 2023 e representa uma participação de 27% no total de empregos do país – algo como 28 milhões de pessoas.


Porém, há muito, a Europa aprendeu que a produção interna de alimentos é estratégica para a segurança, ainda que a custa de subsídios de alguns bilhões de euros – dados de 2019 calculam em 38,2 bilhões de euros os pagamentos diretos aos agricultores e 13,8 bilhões de euros em desenvolvimento rural; além de outros 2,4 bilhões de euros que serviram para apoiar o mercado dos produtos agrícolas.


Apesar desses valores consideráveis, a recente pandemia e as atuais guerras na Ucrânia e em Gaza, e as consequentes dificuldades à livre circulação de mercadorias, reforçam significativamente essa estratégia.


Voltando à reportagem do El País, o que o campo europeu quer?


·         Redução dos impostos sobre os combustíveis

·         Melhoria das margens de lucro dos agricultores, que se sentem prejudicados pela grande indústria e pela grande distribuição

·         Garantia de preços mínimos.


Essa são reivindicações a que estamos acostumados também no Brasil; mas havia outras feitas pelos agricultores europeus que nos dizem respeito diretamente:


·         Oposição às regulamentações ambientais que o setor, que se sente ameaçado pela transição ecológica, considera excessivas.

·         Rejeição de acordos comerciais que, criticam, os colocam em desvantagem em relação aos concorrentes com regulamentações mais frouxas e custos de produção mais baixos.



Temos acompanhado o quanto tem sido dificultado um acordo Mercosul-UE – tantas vezes morto e outras tantas ressuscitados. As principais dificuldades ao acordo têm sido verbalizadas pela França, cujo governo, não por acaso, tem sido o mais pressionado pelo seu setor agrícola.


Igualmente não é raro encontrar nos jornais informações sobre o uso na agricultura brasileira de produtos proibidos na Europa.




Não é difícil imaginar que acordos de comércio do Brasil com os países europeus passem a trazer cláusulas mais duras em relação aos controles ambientais como forma de compensação econômica; não seria estranho se o Brasil reivindicasse, por seu lado, a redução dos subsídios europeus como forma de equilíbrio das relações comerciais.


E aqui chegamos ao que concordamos:


  • A livre concorrência é a base da nossa economia e do sucesso do modo capitalista de produção,

  • A emergência climática e os efeitos do aquecimento global são palpáveis e exigem medidas imediatas.


Agora, sobre o quê ainda não concordamos: quem pagará a conta?


Para saber mais:

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